sábado, 21 de junho de 2008

O MEU PÉ DE LARANJA LIMA


UM EXTRACTO DA OBRA que podes encontrar na nossa Biblioteca

(pp.74,75)

-A benção, Mamãe - Beijei a mão dela.
Até na rua, mal iluminada, eu via que o rosto dela estava cansado.

-Trabalhou muito hoje, Mamãe?
-Muito, meu filho. Fazia um calor dentro do tear que ninguém aguentava.
-Me dê a sacola; a senhora está cansada.
(...)
-Por que você veio- me esperar?
Ela estava adivinhando.
-Mamãe, a senhora gosta pelo menos um bocadinho de mim?
-Gosto de você como gosto dos outros. Porquê?
-Mamãe, a senhora conhece o Nardinho? Aquele que é sobrinho da Pata Choca?
Ela riu.
-Me lembro.
-Sabe, Mamãe. A mãe dele fez um terninho para ele, lindo. É verde com risquinha branca. Tem um coletinho que abotoa no pescoço. Mas ficou pequeno para ele. E ele não tem irmão pequeno para aproveitar. E ele disse que queria vender... A senhora compra?
-Ih!meu filho! As coisas estão tão difíceis!
-Mas ele vende de duas vezes. E não é caro. Não paga nem o feitio.
(...)
Ela guardava silêncio, fazendo contas.
-Mamãe, eu estou sendo o aluno mais estudioso da minha aula. A professora diz que vou ganhar distinção... Compre, Mamãe. Eu não tenho uma roupinha nova faz muito tempo...
Mas o silêncio dela chegava a angustiar.
-Olhe, Mamãe, se não for esse, nunca vou ter minha roupa de poeta.

(Género: romance juvenil; extracto com pequenas adaptações)

Obra de José Mauro de Vasconcelos


CARTA A UM AMIGO

Amares, 20 de Junho de 2008
Olá André ,

Está tudo bem contigo? Comigo, está tudo bem. Gostei da carta que me enviaste! Talvez me estejas a pedir que namore contigo, mas neste momento eu gostaria de ser apenas tua amiga. Vamos ter muito tempo para namorar quando crescermos e até lá conhecemo-nos melhor. Não concordas comigo?
Sabes, eu amei o livro que me ofereceste no meu aniversário. Cá em casa, a minha mãe já o leu e estou a pensar recomendar a leitura do mesmo às minhas amigas. Mas vão ter de o comprar na Feira do Livro, no próximo ano. Não te vou falar dele, porque tu já o leste, mas vou contar-te a forma que eu vou usar para convencer as minhas amigas a lerem-no. Vou-lhes dizer que devem ler a história de “Inês de Castro” de Maria Pilar del Hierro, pois trata de um amor impossível, um amor que pouco se concretiza e que tem um final triste, fatal. É a história do nosso Romeu e Julieta. Uma tragédia. Chorei muito quando a li, parecia que estava presente nos acontecimentos e que nada podia fazer para evitar tudo aquilo.
Espero que me compreendas e fica tranquilo, porque o meu coração ainda não tem dono e nem terá tão cedo. Tu, para mim, és uma pessoa especial. Até breve!
Beijos da tua amiga
CHANTAL

terça-feira, 10 de junho de 2008

DIA DEZ DE JUNHO - DIA DE CAMÕES

UM DOS SEUS MAIS BELOS POEMAS



Descalça vai para a fonte

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Luís de Camões