sábado, 13 de dezembro de 2008

NOITE DE LUA CHEIA


LUAR INCANDESCENTE de sexta-feira 12/12/2008

Actividade para realizares durante as férias de Natal...
Escreve um poema inspirado na imagem e entrega-o ao/ à docente de Língua Portuguesa, quando regressares de férias.

AUTOBIOGRAFIA de Vergílio Ferreira


Autobiografia
Vejo o meu pai, no limite da minha infância, dobrar a porta do pátio, com um baú de folha na mão. Vejo-o de lado, e sem se voltar, eu estou dentro do pátio e não há, na minha memória, ninguém mais ao pé de mim. Devo ter o olhar espantado e ofendido por ele partir. Mas alguns meses depois o corredor da casa da minha avó amontoa-se de gente, na despedida de minha mãe e da minha irmã mais velha que partiam também. Do alto dos degraus de uma sala contígua, descubro um mar de cabeças agitadas e aos gritos. Estou só ainda, na memória que me ficou. Depois, não sei como, vejo-me correndo atrás da charrete que as levava. O cavalo corria mais do que eu e a poeira que se ia erguendo tornava ainda a distância maior. Minha mãe dizia-me adeus de dentro da charrete e cada vez de mais longe. Até que deixei de correr. Dessa vez houve choro pela noite adiante - tia Quina contava, conta ainda. Mas não conta de choro algum dos meus dois irmãos que ficavam também. Deve-me ter vibrado pela vida fora esse choro que não lembro. É dos livros, suponho. Depois a infância recomeçou. Três irmãos, duas tias e avó maternas, depois a vida recomeçou. Mas toda essa infância me parece atravessar apenas um longo Inverno. É um Inverno soturno de chuvas e de vento, de neves na montanha, de histórias de terror, contadas à luz da candeia no negrume da cozinha, assombrada de tempestade. Até que um dia um tio de minha mãe, que era padre na aldeia, se pôs o problema de eu não ser talvez estúpido. E imediatamente se empolgou para me consagrar ao Altíssimo. E para me ir desbravando a alma, juntamente com a doutrina, atacou-me a memória com o latinório todo da missa. Aprendi-o sem falhas, ia eu nos seis anos. E quando aos sete o fui ver esticado na cama, a face toda negra, e me obrigaram a beijar-lhe a mão morta, já tinha o destino talhado para o Senhor. Minhas tias apoderaram-se logo de mim, negligenciando um pouco os meus irmãos, e sufocaram-me de religião. Na instrução primária cumpri. Deus mostrava à evidência que me chamava ao seu serviço. Era forte em contas, mais atrapalhado em História, de qualquer modo, os desígnios de Deus eram evidentes. E assim, para se cumprir a sua vontade, parti. Ficava à distância de um dia de comboio, o Seminário. Saio na estação ao anoitecer, há uma multidão de seminaristas à minha volta, todos vestidos de preto. Estou entre eles, não conheço ninguém. Avançamos pelo escuro estrada fora, no tropear confuso de uma enorme massa negra. O Seminário espera-nos numa curva da estrada. É um casarão enorme, olho-o do fundo do meu pavor. Há Outono à minha volta, respiro-o agora em todo esse passado morto, nos castanheiros a desfolharem-se na cerca, no espaço dos salões, nos longos corredores ermos, nos ângulos cruzados pelos espectros perfeitos. Mas seis anos depois, levantado de heroísmo, saí. Fiz o liceu, entrei na Universidade. Mas não o fiz assim em três palavras como o faço aqui. Meu irmão corpo. Como foi difícil acomodarmo-nos um ao outro. A vida que me coube não a pude utilizar toda. Numa fracção dela acumulei assim aquilo com que se realiza - o sonho, o trabalho, a alegria.
E eis que se me levantam os sete anos de Coimbra. Sombrios, longos, penosos. Mas o que acede desse tempo à evocação tem apenas o halo de uma balada. Ruas da Alta, e a Torre, e o plácido rio do alto da Universidade, e os mestres que eu julgava um prodígio da Natureza, quando cheguei à cidade, e fiquei a julgar também, a vários deles, quando saí, mas com outro sinal, e a praxe estúpida, e os namoros estúpidos, e a descoberta, enfim, da literatura, que só então descobri, embora trabalhasse há muito o verso com obstinação, e as tertúlias, as rixas, o próprio futebol, as próprias desgraças físicas - tudo me ressoa agora a uma toada de legenda. Da festa juvenil, como da festa literária eu só conhecia as margens do rumor que transbordava da alegria dos outros. Isso basta, porém, a que a legenda se me levante e o seu eco me ondeie ao espaço da evocação. Assim Coimbra, só no ressoar do seu nome tem já um timbre de guitarra. Música de miséria, não é nela que eu a ouço, mas no passado que a transcende e é da memória inatingível, da memória absoluta. Coimbra da saudade difícil, Coimbra de sempre e de nunca. Comigo a levei, longo tempo me acompanhou, presente, obsessiva. Mas havia tanta coisa ainda à minha espera. Faro do ar marinho, da laguna das águas mortas, Bragança das invernias, Évora, Lisboa. Professor sou-o por fatalidade. Mas alguma coisa se me impõe na avidez dos alunos que me escutam, na necessidade de responder à sua descoberta do Mundo - e assim me invento o professor que não sou, e eles imaginam em verdade o que é em mim só ficção. Mas dos centros de irradiação da minha actividade, apenas Évora transbordou de emoção para a lembrança. E como a Coimbra, é de novo a música, agora o coral dos camponeses, que a levanta ao espaço da minha comoção. Ouço-o ainda agora, a esse coro de amargura, raiado à infinidade da planície. Évora do silêncio com sinos nas manhãs de domingo, estradas abandonadas à vertigem da distância, ó cidade irreal, cidade única, memória perdida de mim. Sou do Alentejo como da serra onde nasci, a mesma voz de uma e outra ressoa em mim a espaço, a angústia e solidão.
E a minha biografia deve ter findado aqui. Lisboa é um sítio onde se está, não um lugar onde se vive. Mesmo que se lá viva há 18 anos como eu. Eu o disse, aliás, a alguém, na iminência de vir: quando for para Lisboa, levo a província comigo e instalo-me nela. E assim se fez. Os livros que aqui escrevi são afinal da província donde sou. Terrorismo do trânsito, das relações pessoais, da luta em febre pela glória por que se luta ou do ódio surdo pela que calhou aos outros, terrorismo das distâncias, das relações humanas ao telefone, das cartas que nos escrevemos para de uma rua a outra ao pé, da cultura tratada a uísque nos salões do mundanismo, da individualidade perdida, da vida massificada. Vejo-me numa enfermaria do hospital, acordando estranhamente de não sei que tempo de inconsciência, com vários médicos conversando entre si e sobre mim. Pergunto de que se trata, porque estou ali. «Foste atropelado» - diz-me o meu filho, que é um dos médicos. Tenho fractura do crânio, várias contusões pelo corpo. Lisboa, selvagem, cidade bonita na claridade dos prédios, no rio das descobertas, no aéreo das colinas, meu veneno e minha sedução. Fui atropelado. Mas é talvez justo que o fosse. Porque eu não sou daqui.
Maio, 1977
Godinho, Helder e Ferreira, Serafim (organização), Vergílio Ferreira - fotobiografia, Bertrand Editora, Outubro de 1993

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

A História de Uma Alma


Frases que ficam depois da leitura:

"As tristezas são elefantes e pesam-te nas costas"

"As alegrias são cavalos e aceleram os teus pés"

"O amor é como formigas e percorre-te o corpo"



in Triângulo Jota, A História de uma Alma", de Álvaro Magalhães



O aluno Leandro Macedo, 6ºI

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

LUÍSA FORTES DA CUNHA





TEODORA E O SEGREDO DO MANUSCRITO CHINÊS



A escritora estará entre nós a três de Março de 2009, aquando da Semana da Leitura.
A escola prepara a recepção à escritora, através da promoção da leitura das suas obras, junto dos alunos do 2º e 3º ciclos, nomeadamente.


Os alunos aguardam com grande expectativa esse dia.


Entretanto adquirem as suas obras para conhecerem a magia da leitura.







sábado, 26 de julho de 2008

CARTA A UMA AMIGA EM TEMPO DE FÉRIAS

Amares, 6 de Agosto 2008

Olá Carolina!

Espero que ainda te lembres de mim. Tenho tantas saudades tuas; nós, as duas, brincávamos às escondidinhas com a Augusta, lembras-te? É verdade.... Ainda te lembras da Augusta? Está cada vez maior, já tem cinco anos. E, quando tu te foste embora, ela ainda era pequenina. Fica a saber que nós temos muitas, muitas saudades tuas! ainda me lembro de ti, de quando tu ias para a minha casa; nós só bebíamos Jói, aquele teu sumo preferido!
Também te escrevo para te falar de uma história fabulosa que li e que gostaria que a lesses para podermos conversar sobre essa história, porque eu gostaria de ser escritora e, por isso, tenho de ler muito e saber falar daquilo que leio.
É “A Fada Oriana” de Sophia de Mello Breyner Andresen. Esta fada, uma fada boa, faz-me lembrar todos aqueles que sabem assumir responsabilidades até ao fim, que nunca desistem. Não sei se é por amor às coisas e às pessoas ou por orgulho que ela age assim! Talvez por tudo isto e por muito mais. Como gostaria que lesses essa história! … e me desses a tua opinião! ...
Nunca te esqueças de mim. Escreve-me para me fazeres escrever!

Beijos da tua prima
Sofia

domingo, 13 de julho de 2008

BIOGRAFIA DE VERGÍLIO FERREIRA




Vergílio Ferreira

Romancista e ensaísta português, natural de Melo (Gouveia), nasceu em 1916 e morreu em 1996. Estudou no Seminário do Fundão, licenciou-se em Filologia Clássica na Universidade de Coimbra e exerceu funções docentes no Ensino Secundário. Notabilizou-se no domínio da prosa ficcional, sendo um dos maiores romancistas portugueses deste século. Literariamente, começou por ser neo-realista (anos 40), com "Vagão Jota" (1946), "Mudança" (1949), etc. Mas, a partir da publicação de "Manhã Submersa" (1954) e, sobretudo, de "Aparição" (1959), Vergílio Ferreira adere a preocupações de natureza metafísica e existencialista. A sua prosa, que entronca na tradição queirosiana, é uma das mais inovadoras dos ficcionistas deste século. O ensaio é outra das grandes vertentes da sua obra que, aliás, acaba por influenciar a sua criação romanesca. Temas como a morte, o mistério, o amor, o sentido do universo, o vazio de valores, a arte, são recorrentes na sua produção literária. Além disto, Vergílio Ferreira deixou-nos vários volumes do diário intitulado "Conta-Corrente". Das suas últimas obras destacam-se: "Espaço do Invisível", "Do Mundo Original" (ensaios), "Para Sempre" (1983), "Até ao Fim" (1997) e "Na tua Face" (1993). Recebeu o Prémio Camões em 1992.

A PALAVRA MÁGICA

Amares, 12 de Julho de 2008

Querida amiga Maria,

Estou a escrever – te uma pequena carta para te dar notícias minhas.
Não sei se sabes, mas os CTT lançaram-nos um desafio: querem que elaboremos uma carta em que falemos de um livro que tenhamos lido nos últimos tempos. Talvez a leitura mais recente!
Eu faço parte desse desafio, por isso escolhi-te, a ti, para falar da “Palavra Mágica”, um conto de Vergílio Ferreira. A história, ou estória como dizem os brasileiros, é fantástica, muito original, embora trate de um assunto que é “o pão nosso de cada dia”! Queres saber porquê?! Porque a palavra “inócuo” parecia um saco de batatas, onde cabiam todos os significados, os piores significados quando, na verdade, significava “inofensivo”!
As pessoas menos cultas de uma aldeia insultavam-se com uma palavra inofensiva. É engraçado, não é? Depois foram julgadas em tribunal...
Peço-te que leias o conto. Faz-nos pensar... e crescer.
Até breve, amiguinha!


Beijos, mil beijos,
Gisela Soares

sábado, 21 de junho de 2008

O MEU PÉ DE LARANJA LIMA


UM EXTRACTO DA OBRA que podes encontrar na nossa Biblioteca

(pp.74,75)

-A benção, Mamãe - Beijei a mão dela.
Até na rua, mal iluminada, eu via que o rosto dela estava cansado.

-Trabalhou muito hoje, Mamãe?
-Muito, meu filho. Fazia um calor dentro do tear que ninguém aguentava.
-Me dê a sacola; a senhora está cansada.
(...)
-Por que você veio- me esperar?
Ela estava adivinhando.
-Mamãe, a senhora gosta pelo menos um bocadinho de mim?
-Gosto de você como gosto dos outros. Porquê?
-Mamãe, a senhora conhece o Nardinho? Aquele que é sobrinho da Pata Choca?
Ela riu.
-Me lembro.
-Sabe, Mamãe. A mãe dele fez um terninho para ele, lindo. É verde com risquinha branca. Tem um coletinho que abotoa no pescoço. Mas ficou pequeno para ele. E ele não tem irmão pequeno para aproveitar. E ele disse que queria vender... A senhora compra?
-Ih!meu filho! As coisas estão tão difíceis!
-Mas ele vende de duas vezes. E não é caro. Não paga nem o feitio.
(...)
Ela guardava silêncio, fazendo contas.
-Mamãe, eu estou sendo o aluno mais estudioso da minha aula. A professora diz que vou ganhar distinção... Compre, Mamãe. Eu não tenho uma roupinha nova faz muito tempo...
Mas o silêncio dela chegava a angustiar.
-Olhe, Mamãe, se não for esse, nunca vou ter minha roupa de poeta.

(Género: romance juvenil; extracto com pequenas adaptações)

Obra de José Mauro de Vasconcelos


CARTA A UM AMIGO

Amares, 20 de Junho de 2008
Olá André ,

Está tudo bem contigo? Comigo, está tudo bem. Gostei da carta que me enviaste! Talvez me estejas a pedir que namore contigo, mas neste momento eu gostaria de ser apenas tua amiga. Vamos ter muito tempo para namorar quando crescermos e até lá conhecemo-nos melhor. Não concordas comigo?
Sabes, eu amei o livro que me ofereceste no meu aniversário. Cá em casa, a minha mãe já o leu e estou a pensar recomendar a leitura do mesmo às minhas amigas. Mas vão ter de o comprar na Feira do Livro, no próximo ano. Não te vou falar dele, porque tu já o leste, mas vou contar-te a forma que eu vou usar para convencer as minhas amigas a lerem-no. Vou-lhes dizer que devem ler a história de “Inês de Castro” de Maria Pilar del Hierro, pois trata de um amor impossível, um amor que pouco se concretiza e que tem um final triste, fatal. É a história do nosso Romeu e Julieta. Uma tragédia. Chorei muito quando a li, parecia que estava presente nos acontecimentos e que nada podia fazer para evitar tudo aquilo.
Espero que me compreendas e fica tranquilo, porque o meu coração ainda não tem dono e nem terá tão cedo. Tu, para mim, és uma pessoa especial. Até breve!
Beijos da tua amiga
CHANTAL

terça-feira, 10 de junho de 2008

DIA DEZ DE JUNHO - DIA DE CAMÕES

UM DOS SEUS MAIS BELOS POEMAS



Descalça vai para a fonte

Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.

Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.

Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.

Luís de Camões

sexta-feira, 23 de maio de 2008

NOVO LIVRO DE LÍDIA JORGE


O GRANDE VOO DO PARDAL



Henrique Gaspar, um homem do campo, muito dedicado à natureza, não gostava de pardais. Gostava de todo o tipo de bichos com asas, menos de pardais. Penso que era mais forte do que ele.

Certo dia, um pardalito perneta apareceu-lhe no jardim. Henrique Gaspar ficou furioso e preparou-se para o enxotar da sua propriedade a pontapé. Mas foi impedido de enxotar o pobre pássaro: um retrato emotivo e sensível de uma amizade especial entre um homem e um pássaro.

O grande voo do Pardal é a primeira obra para a infância da consagrada escritora Lídia Jorge.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

DIÁLOGO


Diálogo entre um pássaro e uma árvore


Era uma vez uma árvore que estava à beira de um rio. Essa árvore tinha muitas flores e depois muitos frutos. A árvore era grande, era uma macieira. E também havia um pássaro que era uma pomba e que se chamava Coral; ela, quando pousava na árvore, ia alimentar-se dos seus frutos deliciosos.

Mas, um dia, construiu um ninho na árvore e a árvore disse:

- Não me comas mais frutos!

- Eu, em breve, não te comerei mais frutos, porque chegou a hora de pôr os ovos no meu ninho e... - esclareceu a Coral.

- Está bem, desde que não comas os meus lindos frutos.

- Eu, a partir do momento em que nasçam os pombinhos, não te comerei mais frutos.

- Melhor para mim; vou ter uns frutos muito grandes!...

- Enquanto choco os ovos não posso comer; e... quando for comer, tu ficas a tomar conta dos meus ovos?

- Só o farei se não comeres os meus frutos!

Passaram muitos anos e a Coral e a árvore continuavam as melhores amigas que algum dia o mundo tinha visto.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

DIA DA MÃE- 4 DE MAIO

Neste dia tão especial, a mãe pode receber ROSAS, um POEMA, um LIVRO...

POEMA À MÃE
No mais fundo de ti
Eu sei que te traí, mãe.
Tudo porque já não sou
O menino adormecido
No fundo dos teus olhos.
Tudo porque ignoras
Que há leitos onde o frio não se demora
E noites rumorosas de águas matinais.
Por isso, às vezes, as palavras que te digo
São duras, mãe,
E o nosso amor é infeliz.
Tudo porque perdi as rosas brancas
Que apertava junto ao coração
No retrato da moldura.
Se soubesses como ainda amo as rosas,
Talvez não enchesses as horas de pesadelos.
Mas tu esqueceste muita coisa;
Esqueceste que as minhas pernas cresceram,
Que todo o meu corpo cresceu,
E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha - queres ouvir-me?
-Às vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio do laranjal...
Mas - tu sabes - a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves os meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo as rosas.
Boa noite.
Eu vou com as aves.
Eugénio de Andrade,
Os Amantes sem Dinheiro




CONCURSO DE LEITURA


Para comemorar o Dia Mundial do Livro, a nossa escola promoveu mais uma vez o Concurso de Leitura junto dos alunos do 2º ciclo. Este concurso foi da iniciativa do grupo disciplinar de Língua Portuguesa do 2º ciclo e contou com a colaboração dos serviços da BE/ CRE. Todas as turmas participaram entusiasticamente com o seu representante.

Deste concurso, que consistia em dar "Voz ao Texto", resultaram dois grandes vencedores pela forma teatral como leram os textos. No 5º ano, venceu o Tiago Gonçalves da turma B; no 6º ano, venceu a Laura Inês Araújo Almeida da turma D.

Todos receberam um diploma de participação, tendo os vencedores recebido um diploma distinto e um livro que será entregue a seis de Maio, aquando da visita de António Castanheira à nossa escola, para a realização de um espectáculo na nossa biblioteca.

O dia 23 de Abril ficará sempre como uma data a festejar com os nossos melhores leitores.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

23 DE ABRIL, DIA MUNDIAL DO LIVRO



Partilhar livros e flores, nesta Primavera, é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão.


O "Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge. Esta data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas UMA ROSA VERMELHA DE SÃO JORGE (Saint Jordi) e recebem em troca, UM LIVRO. Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exactamente a 23 de Abril. Partilhar livros e flores, nesta Primavera, é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

É Primavera...



"Quanto mais fecho os olhos, mais vejo...

Meu dia é noite quando estás ausente...

E à noite vejo o sol se estás presente"


William Shakespeare

quarta-feira, 16 de abril de 2008

No museu da imagem, em Braga


Num quadro
A minha avó


Era pequena, magra, com o rosto enrugado, muito engelhado pelo tempo longo que vivera. O seu rosto fino, mas com as maçãs salientes apresentava um bigode que impunha respeito. Andava rápido, mas com passos curtos e certinhos, como se fossem bem medidos.
Tivera três filhos que criara sozinha com grande tenacidade. Afastara desde jovem todos os pretendentes. Era, frequente, ouvi-la resmungar quando os homens a cumprimentavam atenciosamente. Os filhos, esses, deram-lhe alguns problemas. Os problemas próprios de rapazes criados com um pai ausente no Brasil, que nunca se interessara por eles. Trabalhava no campo, cuidava da casa, nunca parava. Comia frugalmente, mas gostava do seu copito. Quando, um dia, pela primeira vez, consultou um médico, pediu-lhe encarecidamente que não lhe tirasse o vinho, pois esse alimentava-lhe o corpo franzino e a alma enegrecida pelas desventuras da vida.
Por vezes, teve que ser dura com os filhos, principalmente com o mais velho e frequentemente se esqueceu da doçura e do olhar de mãe. Aliás, nunca soube bem o que era a felicidade, que tantos falam, de ser mãe. Para ela a maternidade consistiu em proporcionar a sobrevivência dos filhos.
Nunca se lamentava e quando com noventa e dois anos de idade, um dia, pela primeira vez na vida, disse: “sinto-me cansada”, morreu. Morreu tranquilamente, com a doçura de um passarinho ferido. Doçura essa, que contrastou com a vida que levara, dura, difícil.
O seu rosto, agreste como a vida que por ela passara, repousou, com as rugas ainda mais vincadas.
Era assim a minha avó.

Conceição Gonçalves
Museu da Imagem – “As rochas”

domingo, 13 de abril de 2008

O AMANHECER


“O selo e a rosa”


Era uma vez uma rosa que andava sempre triste, porque não tinha companhia.
Certo dia, um selo passou por lá e viu a rosa triste; por isso encostou-se para ela contar o que se passava:
- Eu estou abandonada neste jardim; todas as plantas que estão aí não falam comigo - disse a triste rosa.
- Por que é que elas não falam contigo? - perguntou o selo.
-Porque eu já estou a ficar velha! – respondeu -lhe.
-Não estás nada! – Acrescentou o selo.
- Então, o que devo fazer?
- Não sei! - Respondeu ele.
- Já sei, eu posso vir amanhã aqui e fazer-te um feitiço para ficares mais bonita e o resto é segredo – Afirmou o selo.
- Boa ideia! - Exclamou ela.
- Está a escurecer, vou-me embora.
- Adeus!
- Adeus!...
Adormeceram os dois, “o selo e a rosa”, cada um no seu canto.
A rosa sonhou que era famosa e rica.
O selo sonhou que se tornou o maior selo do mundo.
Já era de manhã; a rosa estava ansiosa que o selo chegasse, por isso parecia um pouco nervosa.
O selo chegou e disse:
- Bom dia.
- Bom dia! – disse, alegre, a rosa.
- Então o que se passa? Não começas o que me disseste? - Murmurou a rosa.
- Está bem!
- Aí vai, estás preparada? - Perguntou ele.
- Sim!

- Plim, plim,
pli, pli,
pa, pi
a rosa que seja bonita já e
um namorado terá - Dizia o selo.

O selo pegou num espelho para a rosa se ver e ela disse:
- Obrigada, estou muito feliz.
- Quem é aquele? - Perguntou a rosa.
- É o teu namorado!
- O meu namorado? - Perguntou ela.
- É.
O selo foi-se embora e a rosa e o lírio ficaram a conversar.

sábado, 29 de março de 2008

A LEITURA É UM BEM ESSENCIAL


A leitura é um bem essencial

“A leitura é um bem essencial. Para viver com autonomia, com plena consciência de si próprio e dos outros, para poder tomar decisões face à complexidade do mundo actual, para exercer uma cidadania activa, é indispensável dominá-la. Determinante no desenvolvimento cognitivo, na formação do juízo crítico, no acesso à informação, na expressão, no enriquecimento cultural e em tantos outros domínios, é encarada como uma competência básica que todos os indivíduos devem adquirir para poderem aprender, trabalhar e realizar-se no mundo contemporâneo.” (ME)

quinta-feira, 27 de março de 2008

O COLECCIONADOR DE SELOS


Era uma vez um senhor que coleccionava selos. Aquele homem vivia no meio dos selos; ele era doido por selos.
Então, um dia um amigo virou-se para ele e disse-lhe:
- Olha, estive a pensar e cheguei à conclusão que tu devias vender a tua colecção de selos, não achas?
- Estás doido?! Estás maluco! - exclamou o senhor.
E o amigo ficou a olhar para ele com uma cara esquisita. E então o amigo disse:
- Tu, não gostavas de ganhar montes de dinheiro?
- Sim, mas para ganhar montes de dinheiro escuso de abdicar da minha colecção de selos – respondeu o senhor. E ainda por cima tenho selos muito valiosos e selos sentimentais!
- Acho que estás a ser um bocado parvo. Essa colecção se selos vale milhões de euros!...
- E eu não me importo com o dinheiro! O dinheiro não é tudo na vida e se estes selos são especiais, são para ficar comigo e pronto! - respondeu o senhor – Eu adoro os meus selos.
Ali continuaram sempre a falar, mas o senhor já irritado pensou:
“Talvez ele tenha razão. Esta colecção vale milhões de euros! Mas claro que não a irei vender. Adoro os meus selos!”
E assim fez. Adorava os seus selos; não os queria perder para ficar com o dinheiro.

UMA HISTÓRIA COM UM SELO



Um dia o João decidiu enviar uma carta aos seus padrinhos que estão na Suíça.
Quando acabou de fazer a sua carta, foi com a mãe e o pai comprar um selo e depois enviou-a pelos correios, os “CTT”.
Inexplicavelmente, durante a viagem o selo deslocou-se e de repente veio uma rajada de vento e lá foi o selo pelo ar.
O selo fez uma espécie de viagem radical. Imaginem, passou pelo Brasil e quando ia a cair, uma andorinha conseguiu apanhar o selo e levou-o para o seu ninho, que ficava ao cimo de uma grande árvore, com um tronco muito grosso.
Num terrível dia, em que chovia torrencialmente, o vento era fortíssimo e a temperatura era muito baixa; o selo voou durante muitos dias, até que, como por magia, quando o carteiro entregou a carta ao João, porque não tinha um selo, o selo entrou pela janela do quarto do João e caiu em cima da mesa de cabeceira. E quando ia tomar o seu chá viu o selo e foi a correr mostrá-lo à mãe. Os seus pais tiveram uma excelente ideia.
Passada uma semana, os padrinhos do João ligaram-lhe e disseram que adoraram a carta e que nunca esperaram receber uma carta assim.
A carta tinha o selo que tinha feito uma grande viagem e lá dentro tinha a história que vocês acabaram de ler.

EU SOU A LETRA A


A
Sou a primeira letra do alfabeto.
Comecei com um i a cair para o lado direito,
Depois com um i a cair para o lado esquerdo.
E depois meteram-me um traço ao meio.
E foi assim que me formei.

A MINHA VIDA NUMA PÁGINA


Nasci no berço de uma família simples e honesta,
às 10.00 horas da manhã do dia 19 de Janeiro, numa cidade
lindíssima, Chaves, a minha terra natal.
Até aos 2 anos de idade, vivi em Chaves, mas depois
o meu pai arranjou trabalho em Braga e, por isso, viemos para cá.
Andei no Jardim de infância de Amares, onde conheci muitos
amigos e muitos deles estiveram sempre comigo na escola. Quando fiz 6 anos,
fui para a escola primária, que ficava mesmo à beira da minha casa; foi uma mudança simples, nada mudou, acho que até fiquei mais contente por saber que estava a crescer.
Posso dizer que a infância foi muito dolorosa para mim, pois, quando tinha apenas 9 anos, andava no 4º ano de escolaridade e Jesus levou a minha querida irmã para o seu lado: fiquei muito triste, mas acredito que, se Jesus assim o fez, é porque era o melhor, e sei que estando ao pé de Deus, está em segurança, está com os anjos. Mas a partir daí, nunca mais tive o mesmo sorrir, nem o mesmo brilhar de olhos. Na altura, ainda era muito nova e por isso não tinha bem a noção das coisas, mas tanto os meus pais, como o meu irmão e toda a minha família sofreram muito.
Quando me mudei para a escola do 2º ciclo é que foi uma mudança radical, pois a escola era maior e havia mais salas: era muito diferente, tinha mais professores enquanto na primária só tinha uma. Mas habituei-me, pois vi logo que a escola do 2º ciclo era muito melhor.
Até ao 12º ano, estudei em Amares, mas quando o terminei mudei-me para Braga, onde tirei o curso de cardiologista na Universidade do Minho.
Aos 20 anos, escrevi o meu primeiro livro «Serei Capaz»; nesta altura ainda ganhei mais força para continuar o curso. Aos 23, escrevi novamente um livro «Porta Aberta», um romance, sem dúvida inesquecível; durante o meu curso, escrevi vários livros, entre eles «Coração Profundo», «Senhora do meu nariz»; «Do início ao fim», «Páginas Abertas, concluindo tornei-me, numa escritora de sucesso.
Quando terminei o curso, fiz o meu estágio na Clínica de Santa Tecla, onde também tocava viola para todos os doentes, que quisessem. Isso fazia-me sentir bem comigo própria.
A minha carreira profissional como guitarrista, foi curta: tocava numa orquestra em Londres, mas como não tinha muito tempo, dediquei-me mais à escrita, deixei para traz a música e viajei bastante.
Quando tinha 31 anos, foi-me pedido que escrevesse um livro, o qual ia ser representado em cinema; fiquei entusiasmadíssima, mas não podia de um momento para o outro deixar os meus doentes. Então tive de conciliar a escrita com o trabalho. E assim o fiz e, no ano de 2030, o livro «Caminho Perdido», foi um sucesso e o filme ainda mais: com a colaboração de todos foi.
Lembro-me perfeitamente que passava todas as minhas férias, numa quinta, a quinta da Fonte Negra; era uma quinta que pertencia ao meu tio Artur, e que agora pertence ao filho, o Arturinho.
É daí que eu estou a escrever mais uma página da minha vida.
in Clube de Letras

domingo, 23 de março de 2008

CECÍLIA MEIRELES

Biografia
Cecília Meireles nasceu em 1901, no Rio de Janeiro e faleceu em 1964, também no Rio de Janeiro. Foi poeta, professora, jornalista e cronista. No período de 1919 a 1927, colaborou nas revistas Árvore Nova, Terra de Sol e Festa. Fundou a primeira biblioteca infantil do Brasil. Lecionou na Univerdade do Distrito Federal em 1936 e na Universidade do Texas em 1940. Trabalhou no Departamento de Imprensa e Propaganda no governo de Getúlio Vargas, dirigindo a revista Travel in Brazil (1936). É considerada por muitos como uma das maiores poetisas da Língua Portuguesa.Em 1993 foi atribuído o Prémio Camões a Cecília Meireles.
Minha infância de menina sozinha deu-me duas coisas que parecem negativas, e foram sempre positivas para mim: silêncio e solidão. Essa foi sempre a área de minha vida. Área mágica, onde os caleidoscópios inventaram fabulosos mundos geométricos, onde os relógios revelaram o segredo do seu mecanismo, e as bonecas o jogo do seu olhar. Mais tarde, foi nessa área que os livros se abriram e deixaram sair suas realidades e seus sonhos, em combinação tão harmoniosa que até hoje não compreendo como se possa estabelecer uma separação entre esses dois tempos de vida, unidos como os fios de um pano.Cecíclia Meireles
Obras da autora
Criança, meu amor, 1923Nunca mais..., 1923Poema dos Poemas, 1923Baladas para El-Rei, 1925O Espírito Vitorioso, 1935Viagem, 1939Vaga Música, 1942Poetas Novos de Portugal, 1944Mar Absoluto, 1945Rute e Alberto, 1945Rui — Pequena História de uma Grande Vida, 1948Retrato Natural, 1949Problemas de Literatura Infantil, 1950Amor em Leonoreta, 195212 Noturnos de Holanda e o Aeronauta, 1952Romanceiro da Inconfidência, 1953Poemas Escritos na Índia, 1953Batuque, 1953Pequeno Oratório de Santa Clara, 1955Pistóia, Cemitério Militar Brasileiro, 1955Panorama Folclórico de Açores, 1955Canções, 1956Giroflê, Giroflá, 1956Romance de Santa Cecília, 1957A Bíblia na Literatura Brasileira, 1957A Rosa, 1957Obra Poética,1958Metal Rosicler, 1960Antologia Poética, 1963Solombra, 1963Ou Isto ou Aquilo, 1964Escolha o Seu Sonho, 1964Crônica Trovada da Cidade de San Sebastian do Rio de Janeiro, 1965O Menino Atrasado, 1966Poésie (versão francesa), 1967Obra em Prosa - 6 Volumes - Rio de Janeiro, 1998
Sítios Web sobre a poetisa
Vida e obra de Cecília Meireleshttp://www.tvcultura.com.br/aloescola/literatura/ceciliameireles/
Biografia de Cecília Meireles http://www.releituras.com/cmeireles_bio.asp
Biografia de Cecília Meireles e alguns dos seus poemashttp://www.geocities.com/fedrasp/cecilia-meireles.html
Cecília Meireles, vida e obrahttp://www.tanto.com.br/ceciliameireles.htm
Biografia, obras, antologiahttp://www.brasil.terravista.pt/Claridade/3456/ceciliam.html

sábado, 22 de março de 2008

Poeta Popular Português - António Aleixo



Quadras


Sou humilde, sou modesto;

Mas, entre gente ilustrada,

Talvez me digam que eu presto,

Porque não presto p’ra nada.


Eu não tenho vistas largas,

Nem grande sabedoria,

Mas dão-me as horas amargas

Lições de filosofia.


Tu não tens valor nenhum,

Andas debaixo dos pés,

Até que apareça algum

Doutor que diga quem és.


À guerra não ligues meia,

Porque alguns grandes da terra,

Vendo a guerra em terra alheia,

Não querem que acabe a guerra.


Depois de tanta desordem,

Depois de tão dura prova,

Deve vir a nova ordem,

Se vier a ordem nova


Eu não sei porque razão

Certos homens, a meu ver,

Quanto mais pequenos são

Maiores querem parecer.


Vemos gente bem vestida,

No aspecto desassombrada;

São tudo ilusões da vida,

Tudo é miséria dourada.


Os novos que se envaidecem

P’lo muito que querem ser

São frutos bons que apodrecem

Mal começam a nascer.

Este livro que vos deixo

quarta-feira, 19 de março de 2008

Matilde Rosa Araújo



BIOBIBLIOGRAFIA


Matilde Rosa Araújo nasceu em Lisboa em 1921. Licenciou-se em Filologia Românica pela Faculdade de Letra da Universidade Clássica de Lisboa. Foi professora do Ensino Técnico Profissional em Lisboa e noutras cidades do País, assim como professora do primeiro Curso de Literatura para a Infância, que teve lugar na Escola do Magistério Primário de Lisboa.
Tem exercido a sua actividade profissional, como professora, na cidade do Porto.
Autora de livros de contos e poesia para o mundo adulto e de mais de duas dezenas de livros de contos e poesia para crianças, a sua temática centra-se em torno de três grandes eixos de orientação: a infância dourada, a infância agredida e a infância como projecto.
Tem-se dedicado, ao longo da sua vida, aos problemas da criança e à defesa dos seus direitos.
É autora de alguns volumes sobre a importância da infância na criação literária para adultos, sobre a importância da Literatura Infanto-Juvenil na formação da criança e sobre a educação do sentimento poético como mais-valia pedagógica.

Recebeu os seguintes prémios no domínio de Literatura para a Infância
Grande Prémio de Literatura para Criança da Fundação Calouste Gulbenkian ex-aequo com Ricardo Alberty, em 1980; Prémio atribuído pela primeira vez, para o melhor livro estrangeiro (novela O Palhaço Verde), pela associação Paulista de Críticos de Arte de São Paulo, Brasil, em 1991;
Prémio para o melhor livro para a Infância publicado no biénio 1994-1995, pelo livro de poemas Fadas Verdes, atribuído pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 1996.

Obra
O Livro da Tila – poemas para crianças, 10ª edição, Livros Horizonte, 1986;
O Palhaço Verde – novela infantil, 5ª edição, Livros Horizonte, 1984 (ilustrações de Maria Keil);
História de um Rapaz – conto infantil, 8ª edição, Livros Horizonte, 1986 (ilustrações de Maria Keil);
O Cantar da Tila – poemas para a juventude, 8ª edição, Livros Horizonte, 1986 (ilustrações de Maria Keil);
O Sol e o Menino dos Pés Frios – contos, 7ª edição, Livros Horizonte, 1986;
O Reino das Sete Pontas – novela infantil, 2ª edição, Livros Horizonte, 1986 (ilustrações de Manuela Bacelar);
Os Quatro Irmãos – 2ª edição, Livros Horizonte, 1983 (ilustrações de Ana Leão);
História de uma Flor – conto infantil, 1ª edição, Faoj; O Sol Livro – textos para o ensino, 1ª edição, Livros Horizonte, 1976;
Os Direitos da Criança Livros Horizonte – 1ª edição, Unicef, 1977;
O Gato Dourado – contos infantis, 3ª edição, Livros Horizonte, 1985 (ilustrações de Maria Keil);
As Botas de Meu Pai – contos infantis, 2ª edição, Livros Horizonte, 1981 (ilustrações de Maria Keil);
Camões, Poeta Mancebo e Pobre – divulgação, 1ª edição, Prelo Editora, 1978;
Baladas das Vinte Meninas – poema infantil, Plátano Editora, 1978 (ilustrações de Cristina Malaquias);
Joana-Ana – conto infantil, Livros Horizonte, 1981 (ilustrações de Maria Keil);
A Escola do Rio Verde – 2ª edição, Livros Horizonte, 198l (ilustrações de Romeu Costa);
O Cavaleiro Sem Espada – Livros Horizonte, 1979 (ilustrações de Maria Keil);
A Velha do Bosque – Livros Horizonte, 1993 (ilustrações de Ana Leão);
A Guitarra da Boneca – Livros Horizonte, 1983 (ilustrações de Evelina Coelho);
As Crianças, Todas as Crianças – Livros Horizonte, 1976;
A Infância Lembrada – Antologia – Livros Horizonte, 1986;
A Estrada Fascinante – Livros Horizonte, 1988; Mistérios – Livros Horizonte, 1988 (ilustrações de Alice Jorge);
Rosalina Foi à Feira – Livraria Arnado, 1994 (ilustrações de Fernando Saraiva);
O Chão e a Estrela – Editora Verbo 1997 (ilustrações de Paulo Monteiro);
As Fadas Verdes – Livraria Civilização, 1994 (ilustrações de Manuela Bacelar);
"A Fonte do Real", in Soares, Luísa Ducla (org.), A Antologia Diferente – De que São Feitos os Sonhos, Porto, Areal, (1986), pp. 30-32;
Voz Nua, Lisboa, Horizonte, 1986; "A menina do pinhal", in AAVV, Histórias e Canções em Quatro Estações – Primavera. Lisboa. Lisboa Editora. 1988, pp. 9-24;
O Passarinho de Maio, Lisboa. Horizonte, 1990;
O Chão e a Estrela, Lisboa, Verbo, 1994;
A Estrada Fascinante, Lisboa, Horizonte, 1988 (ensaio).


Textos online

A FITA VERMELHA
O MENINO DOS PÉS FRIOS
BALADA DAS VINTE MENINAS FRIORENTAS
LUCILINA E ANTENOR

A FITA VERMELHAEu tinha começado a ensinar. Era muito nova então. Quase tão nova como as meninas que eu ensinava.
E tive um grande desgosto. Se recordar tudo quanto tenho vivido (já há mais de vinte anos que ensino), sei que foi o maior desgosto da minha vida de professora. Vida que muitas alegrias me tem dado. Mais alegrias que tristezas.

Se vos conto este desgosto tão grande, não é para vos entristecer. Mas para vos ajudar a compreender, como só então eu pude compreender, o valor da vida. O amor da vida. O valor de um gesto de amor. O seu «preço», que dinheiro algum consegue comprar.

Eu ensinava numa escola velha, escura. Cheia do barulho da rua, dos «eléctricos» que passavam pelas calhas metálicas. Dos carros que continuamente subiam e desciam a calçada. Até das carroças com os seus pacientes cavalos.

A escola era muito triste. Feia. Mas eu entrava nela, ou digo antas, em cada aula, e todo o sol estava lá dentro. Porque via aqueles rostos, trinta meninas, olhando para mim, esperando que as ensinasse.

O Quê? Português, francês. Hoje sei, acima de Tudo, o amor da vida. Com toda a minha inexperiência. Com todos os meus erros. Porque um professor tem de aprender todos os dias. Tanto, quase tanto ou até muito mais que os alunos.

Mas, desde o primeiro dia, compreendi que teria nas alunas a maior ajuda. O sol, a claridade que faltava àquela escola de paredes tristes. A música estranha e bela que ia contrastar com os ruídos dos «eléctricos», dos automóveis da calçada onde ficava a escola. Até com o bater das patas dos cavalos que passavam de vez cm quando.

Porque, mais que português e francês, havia uma bela matéria a ensinar e a aprender. Foi nessa altura que comecei mesmo a aprender essa tal matéria ou disciplina – ou antes, a ter a consciência de que a aprendia. Eu convivia com jovens (seis turmas de trinta alunas são perto de duzentas) que no princípio de Outubro me eram desconhecidas. Cada uma delas representava a folha de um longo livro que no princípio de Outubro me era desconhecido. Todas eram folhas de um longo livro por mim começado a conhecer. Não há ser humano que seja desconhecido de outro ser humano. Só é precisa a leitura.

Eu tinha agora ali perto de duzentas amigas. Todas aquelas meninas confiando em mim, esperando que as ensinasse; sorrindo, quando eu entrava, assim me ensinavam quanto lhes devia.

Mas um dia. Eu conto como aconteceu o pior. E conto-o hoje, a vós, jovens, que me podem julgar. Julgar-me sabendo este meu erro. E evitarem, assim, um erro semelhante para vós mesmos.

Já era quase Primavera. Na rua não havia árvores nem flores. Só os mesmos carros com o seu peso e a violência da sua velocidade. Gritos de vez em quando. Uma Primavera só no ar adivinhada.
Numa turma uma aluna faltava há dias. Era a Aurora. Morena, de grandes olhos cheios de doçura. Talvez triste.A Aurora estava doente. Num hospital da cidade, numa enfermaria. Num imenso hospital.
Olhei o retratinho dela na caderneta.
Retratinho de «passe», num sorriso de nevoeiro de uma modesta fotografia. Tão cheia de doçura a Aurora!
Doente, do hospital tinha-me mandado saudades.
– Vou vê-la no próximo domingo – anunciei às companheiras.
E tencionava ir vê-la mesmo no próximo domingo.

O MENINO DOS PÉS FRIOS Era uma vez uma casa. Muito grande. Com um tecto altíssimo, nem sempre azul. Uma casa enorme onde habitava uma grande família: uma família tão grande que, por vezes, não julgavam os seus membros que se conheciam. E se deviam amar.Houve um menino que entrou nesta casa estava ela toda branca. No chão tapetes de neve, cristais de água de uma brancura que estremecia. E as próprias árvores escorriam essa brancura. E frio. Iluminava-a uma estrela tão brilhante que, sobre o tecto, parecia que poisava sobre as nossas mãos.Ora um dia, em que fazia anos em que esse menino entrara nessa casa, outro menino por ela andava com frio. Pelo chão, pelos milhões de cristais, caminhavam os seus pezitos enregelados. Tanto frio que nem podiaolhar a estrela brilhante. Nem os milhões de cristais que pisava.Uma mulher chorava a um canto dessa casa. E era triste essa mulher. Estava triste e cansada. Na casa nem tudo era belo. Ali estava aquele menino cheio de frio. E, como ele, tantos meninos.E, já há quase dois mil anos, um menino entrara na asa, que ficou mais clara com a luz brilhante do tecto. O menino entrou só para dizer uma palavra pequenina: AMOR.Então essa mulher perguntou ao menino dos pés frios:– Tu não tens a tua casa?O menino olhou a mulher triste e ficou triste. Ambos estavam tristes. E disse quase envergonhado que não.– Tu não tens roupa? Sapatos? Um lume? Pão?A cabeça (tão linda!) do menino ia abanando sempre a dizer não. A mulher triste começou a ter vergonha.Então ela consentia que na sua casa, na casa de todos, de tecto nem sempre azul, houvesse um menino sem roupa, sem lume, sem pão? Ela consentia uma coisa assim? E os outros também?Escorregaram-lhe pela face já enrugada duas lágrimas transparentes. De água. Água como a que tombava do tecto, como a que se estendia nos mares.E perguntou mais ao menino:– E para onde vais? Eu dou-te qualquer coisa para o caminho...O menino olhou para ela admirado. Não lhe disse para onde ia. Observou-lhe apenas:– Tens duas gotas de água nos teus olhos que reflectem o céu azul e a lâmpada do tecto. Não sentes?A mulher deixou cair pelo rosto enrugado as duas lágrimas. A pele, então, ficou-lhe mais lisa. E ela tornou-se menos curva. Ergueu-se. Estendeu, sorrindo, os dois braços ao menino. E disse:– Fica. Perdoa.E o menino ficou. Nos seus braços. Encostado ao seu peito. Com os pés aquecidos sobre o campo de neve.E a mulher entendeu que não adiantava chorar ao canto da casa. E o seu vestido era uma bandeira. E o seu coração uma flor. Com o menino a seu lado.

BALADA DAS VINTE MENINAS FRIORENTAS
Vinte meninas, não mais,
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Vinte meninas, não mais,
Eu via naquele muro:
Tinham cabecinha preta,
Vestidinho azul escuro.
As minhas vinte meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Chegaram na Primavera
E acenaram lá dos céus.
As minhas vinte meninas
Dormiam quentes num ninho
Feito de amor e de terra,
Feito de lama e carinho.
As minhas vinte meninas
Para o almoço e o jantar
Tinham coisas pequeninas,
Que apanhavam pelo ar.
Já passou a Primavera
Suas horas pequeninas:
E houve um milagre nos ninhos.
Pois foram mães, as meninas!
Eram ovos redondinhos
Que apetecia beijar:
Ovos que continham vidas
E asinhas para voar.
Já não são vinte meninas
Que a luz do Sol acalenta.
São muitas mais! muitas mais!
Não são vinte, são oitenta!
Depois oitenta meninas
Eu via ali no beiral:
Tinham cabecinha preta
E branquinho o avental.
Mas as oitenta meninas,
Capinhas dizendo adeus,
Em certo dia de Outono
Perderam-se pelos céus.

quarta-feira, 12 de março de 2008

ÉRIKA E A OBESIDADE



Havia uma menina chamada Érika que vivia na Quinta das Rosas, no Alentejo.
Érika era uma menina gulosa e obesa. Tinha vergonha de ir para a escola.
Numa manhã de sol Érika vai para a escola. Lá toda a gente goza com ela. Ela começa a chorar.
Uma aluna que por ali passava viu Érika a chorar e foi ter com ela.
- Passa-se alguma coisa? – perguntou a tal aluna.
- Toda a gente me anda a goza – lamentou Érika – Estou farta desta escola!
- Não lhes ligues – aconselhou a menina.
- Como te chamas? – interrogou Érika.
- Rosana – informou - a.
Estiveram muito tempo a conversar, mas entretanto começou a chover. O céu estava cinzento como o carvão.
- Rosana, onde vives? – perguntou Érika.
- Eu vivo na Quinta das Papoilas. Conheces? - perguntou Rosana.
- Conheço. É junto da Quinta das Rosas, onde vivo – contou Érika.
Ambas eram ricas. Ambas viviam em quintas.
- O meu pai vem-me buscar – disse Érika.
- O meu também! – exclamou Rosana apontando para um senhor alto e magro como um palito.
- Adeus! – disse Rosana.
Érika estava contente por ter encontrado uma nova amiga e vizinha.
No dia seguinte, Érika e Rosana passaram o dia juntas. Elas eram da mesma turma.
Na escola, ainda gozavam com Érika. Mas naqueles dois últimos dias com Rosana, Érika aprendeu a não dar ouvidos aos outros.
Érika por muito que tentasse não comer guloseimas, comia…
Rosana disse-lhe:
- És tão bonita assim. Estás a estragar a tua beleza! Porque é que fazes isso?
- Rosana…
- Não é Rosana nem meio Rosana. Deves parar de comer isso – reclamou Rosana.
- Eu prometo que vou parar de comer guloseimas – prometeu Érika.
- Também espero que cumpras essa promessa – declarou Rosana.
A partir desse momento, Érika parou de comer guloseimas. Lá na escola já não a gozavam.
Érika era muito mais feliz…

Ana Isabel Ferreira Rodrigues
6ºG nº3
in Clube de Letras

DO ALTO DO CAVALO AZUL, de Vergílio Alberto Vieira



A Dama do Cachorrinho




Junto à linha do regaço,
Que a infância em sonho emoldura,
A sombra apenas de um laço
Cinge o que a mão de Picasso
Distanciou com ternura.

FAZ DE CONTA QUE...


Sou uma televisão muito velhinha. Estive parada desde há muitos anos na casa da velha avozinha, pois ninguém me dava importância; até que um dia, a minha antiga patroa decidiu ir buscar-me e levar-me para sua casa.

Quando lá cheguei, colocou-me no móvel da cozinha e ligou-me à corrente eléctrica. Comecei por fazer um ruído esquisito e soltei muitas formiguinhas, mas logo me controlei e a minha imagem depressa apresentei.

À noite todos me deram atenção: os mais pequenos puderam ver os desenhos animados, os maiores viram as notícias e os filmes; a partir daí já ninguém me esqueceu, pois eu passei a ser a melhor companhia deles.

A velha avozinha ainda hoje faz serão a ver as suas novelas na velha televisão.

quinta-feira, 6 de março de 2008

A Semana da Leitura na nossa Escola


Ler em todas as aulas pequenos excertos de textos que nos tenham marcado. Ler poesia. Ler em vários sotaques. Ouvir histórias por contar de alunos que lêem... o reconto e o resumo. Escrever textos a partir do que tiverem lido e ouvido.
Na biblioteca, encontramos expostos os trabalhos dos alunos que pertencem ao Clube de Letras e das diversas escolas do agrupamento.

A Feira do Livro abre as portas a 6, 7 e 8 de Março e conta com a presença de José Viale Moutinho e Vergílio Alberto Vieira. No dia 4 contámos com a presença carismática de Augusto Canetas.

É no baloiçar das actividades sobre a leitura que encontramos o Prazer de Ler e os levamos a Ler.

Gostaríamos de escrever um poema no chão para caminharmos de modo diferente!

quarta-feira, 5 de março de 2008

Biografia de Sophia de Mello Breyner Andresen


Sophia nasceu no Porto, em 1919, no seio de uma família aristocrática (Fidalga). A sua infância e adolescência decorrem entre o Porto e Lisboa, onde cursou Filologia Clássica. Após o casamento com o advogado e jornalista Francisco Sousa Tavares, fixa-se em Lisboa, passando a dividir a sua actividade entre a poesia e a actividade cívica, tendo sido notória activista contra o regime de Salazar. A sua poesia ergue-se como a voz da liberdade, especialmente em "O Livro Sexto".
A linguagem poética de Sophia de Mello Breyner mostra, a sua cultura clássica e a sua paixão pela cultura grega. Luz, verticalidade e magia estão, aliás, sempre presentes na obra de Sophia, quer na obra poética, quer na importante obra para crianças que, inicialmente destinada aos seus cinco filhos, rapidamente se transformou em clássico da literatura infantil em Portugal, marcando sucessivas gerações de jovens leitores com títulos como "O Rapaz de Bronze", "A Fada Oriana" ou "A Menina do Mar".
Sophia é ainda tradutora para português de obras de Claudel, Dante, Shakespeare e Eurípedes, tendo sido condecorada pelo governo italiano pela sua tradução de "O Purgatório".

Trabalho realizado pela Márcia, nº 20, 6º G


Texto 1
Os Poetas


Solitários pilares dos céus pesados,
Poetas nus em sangue, ó destroçados
Anunciadores do mundo
Que a presença das coisas devastou.
Gesto de forma em forma vagabundo
Que nunca num destino se acalmou.

Sophia de Mello Breyner Andresen
in Dia do Mar, 1947

Texto 2
No Poema

Transferir o quadro o muro a brisa
A flor o copo o brilho da madeira
E a fria e virgem limpidez da água
Para o mundo do poema limpo e rigoroso
Preservar de decadência morte e ruína
O instante real de aparição e de surpresa
Guardar num mundo claro
O gesto claro da mão tocando a mesa.

Sophia de Mello Breyner Andresen
in Livro Sexto, 1962


TEXTO 3
Arte Poética

A dicção não implica estar alegre ou triste
Mas dar minha voz à veemência das coisas
E fazer do mundo exterior substância da minha mente
Como quem devora o coração do leão
Olha fita escuta
Atenta para a caçada no quarto penumbroso
Sophia de Mello Breyner Andresen
in O Búzio de Cós, 1997

O Príncipe Feliz de Óscar Wilde

“O rubi será mais encarnado do que uma rosa vermelha e a safira será tão azul quanto o mar imenso”
Óscar Wilde




Era uma vez um Príncipe, que morreu, e depois da sua morte construíram-lhe uma estátua para que toda a gente visse a sua beleza. Tinha duas safiras nos olhos e um rubi na ponta da sua espada.
Existia uma Andorinha que não partiu com as suas amigas, porque se tinha apaixonado por um junco. A certa altura, ela fartou-se do tal junco e foi para a cidade.
A Andorinha abrigou-se entre os pés do Príncipe Feliz. Ela pensava para si própria que tinha encontrado um quarto coberto de ouro, pois o Príncipe era revestido de ouro.
De repente, quando a Andorinha estava prestes a adormecer, caiu-lhe uma gota na cabeça. Ela, muito admirada, olhou para cima e não viu nenhuma nuvem. De seguida caiu a segunda. Quando a Andorinha se preparava para ir embora, caiu-lhe a terceira gota; foi nessa altura que olhou para cima e reparou que as gotas vinham dos olhos do Príncipe Feliz. Muito espantada, perguntou-lhe porque chorava e o Príncipe Feliz, esse, falou-lhe que estava a chorar, porque, antes de morrer e de o colocarem naquele lugar mais alto, nunca tinha reparado nas pessoas pobres, no seu povo, enfim. Mas agora, que reparava nisso tudo, quem lhe dera ainda estar vivo!
O Príncipe Feliz viu uma costureira a fazer um vestido para uma dama e logo pediu à Andorinha para lhe levar o seu rubi, pois o seu filho estava doente e com febre. Ele pedira à mãe tangerinas, mas a mãe não tinha dinheiro para lhas comprar.
Então, o Príncipe voltou a pedir à Andorinha, convencendo-a a ficar. E lá foi ela colocar o rubi na mesa da costureira; de seguida foi ao quarto do menino e bateu as suas asas junto dele de tal modo que o menino perdeu a temperatura e adormeceu tranquilamente.
A Andorinha voou, poisou no ombro do Príncipe Feliz e disse-lhe tudo o que fizera. A certa altura, a Andorinha sentiu-se muito quente, apesar do ar fresco.
O Professor de Ornitologia viu uma Andorinha no Inverno e foi logo ao Jornal Local comunicar a estranheza.
A Andorinha disse ao Príncipe que nessa noite iria para o Egipto, mas ele pediu-lhe que ficasse mais uma noite, porque vira um jovem escritor num sótão, com frio e fome, que não conseguia acabar a sua história. Ele, desta vez, pediu-lhe que levasse um dos seus olhos que eram feitos de belas e raras safiras.
A Andorinha disse-lhe que não! Mas o Príncipe implorou-lhe e assim convenceu-a! Ela tirou-lhe uma safira, levou-a ao jovem, deixando-a nas violetas murchas da sua secretária. Quando a lua apareceu, ela voltou para o Príncipe Feliz. Queria despedir-se dele, mas o Príncipe pediu-lhe que ficasse mais uma noite, porque na praça mais abaixo estava uma menina que vendia fósforos e que os tinha estragado porque caíra! E que o pai lhe ia bater se não levasse dinheiro para casa. A Andorinha retirou-lhe a outra safira e levou-a “À Pequena Vendedora de Fósforos”.
A Andorinha disse, por fim ao Príncipe Feliz, que ele agora estava cego e que ficaria com ele para sempre.
O Príncipe disse-lhe que estava coberto de ouro e pediu-lhe que o levasse aos pobres que, quando viram o ouro, disseram que assim já tinham pão…Chegou a neve e a Andorinha teve cada vez mais frio.
Ela informou o Príncipe que ia embora e pediu-lhe para lhe beijar a mão. Mas o príncipe disse-lhe para ela lhe beijar os lábios e logo o coração dele se partiu em dois.
O Presidente da Câmara viu o Príncipe todo cinzento e sem jóias. Por isso decidiu pôr a estátua na fornalha a derreter, mas reparou que o seu coração não derretia. Deitaram-no ao lixo, onde também se encontrava a Andorinha morta. Deus pediu a um dos seus anjos para ir buscar as duas coisas mais preciosas da cidade. O Anjo levou-lhe o coração do Príncipe e a Andorinha.
Deus disse-lhe que fizera a escolha certa.
Disse-lhe também que no seu jardim, no Paraíso, a Andorinha cantará para sempre assim como, na sua cidade do ouro, o Príncipe o honrará para sempre.




quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

O cão Pastor


Identificação do livro
Título:O cão pastor
Autor: Maria Alberta Menéres
Personagens principais: Diana e Tejo.
Personagens secundárias: Romão, avô João, avó Marta, Rosinha, Virgínia e Arlindo
Assunto: É a história de um cão que não deixa os lobos nem raposas apoderarem-se das ovelhas de um pastor.
Opinião pessoal
Resume a acção do livro que acabaste de ler: Havia um cão abandonado que não sabia nem o seu nome nem o local onde nasceu. Esse cão andou, andou até que adormeceu num palheiro. Nessa aldeia, havia um pastor a quem lhe roubavam treze ovelhas por noite. Esse pastor resolveu comprar dois cães para cuidarem das ovelhas. Esses cães tornaram-se os melhores cães pastores do mundo, mas um dia veio uma enxurrada de água que os arrastou. Nunca mais se ouviu falar desses dois cães; certo dia, porém apareceu um deles. Nessa noite, uns ladrões tentaram roubar as ovelhas, mas o cão saltou em cima deles, alcançou-os e os ladrões foram presos.

Qual foi o episódio/passagem que mais despertou o teu interesse? Porquê? O último capítulo, porque há muita emoção e alegria ao ver o cão a saltar em cima dos ladrões de gado.

Tiago Ferreira, nº22
6º H

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Como imagino a continuação da história "Um disco voador no pátio" de Luísa Ducla Soares


Então, devagarinho, a porta metálica entreabriu-se e foi possível distinguir uma estranha criatura… Depois da porta do disco voador estar quase toda aberta, uma amiga da Joana disse:
- O que virá de dentro daquele grande disco voador? Será um extraterrestre gigante, com os olhos esbugalhados e uma boca também esbugalhada e preta e uma cara igual a uma gelatina verde?
E a amiga respondeu.
- Espero bem que não seja como tu dizes!
Quando a porta do disco voador estava a milímetros de ficar completamente aberta, os alunos mais assustados esconderam-se debaixo das mesas e começaram a roer as unhas, enquanto os outros alunos ficaram como estátuas com a boca aberta a olhar para a janela de onde se via o disco voador. Mas Joana e a professora foram buscar o rádio que estava em cima de um armário encostado à parede e ligaram-no.
Quando a porta estava completamente aberta, saiu um extraterrestre igual ao da descrição feita pela Joana.
Os alunos ficaram apavorados, mas quando souberam o que o extraterrestre queria… e souberam isso, porque o extraterrestre disse:
- “589746321”.
E a Joana conseguiu decifrar o código e ficaram grandes amigos.

Texto de João António de Jesus Pinho; Nº17;
Ano 5º;Turma D

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Os Marcadores Sorteados PNL

A coordenação do PNL escola tomou a iniciativa de criar uns marcadores de página que divulgavam o blogue da leitura, intitulado "A Braços com os Livros"; tendo sido cada um deles numerado para posterior sorteio, publica-se agora os cinco contemplados números: 109, 26, 68, 199 e 220.
O prémio deverá ser reclamado na Biblioteca, mediante a apresentação do marcador, a partir do dia 26 de Fevereiro.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Alexandre O'Neill e Gustav Klimt


Gustav Klimt

Há palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros do teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O'Neill

Amigo

Mal nos conhecemos inauguramos a palavra

AMIGO!

Amigo é um sorriso

De boca em boca, um olhar bem limpo,

Uma casa, mesmo medesta, que se ofereça.

Um coração pronto a pulsar

Na nossa mão!

(...)

Amigo é a solidão derrotada!

Amigo é uma grande tarefa,

Um trabalho sem fim,

Um espaço sem fim,

Um espaço útil, um tempo fértil,

Amigo vai ser, é já uma grande festa!

Alexandre O´Neill, No Reino da Dinamarca

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Ilustrações do 5ºJ






As melhores ilustrações do texto "O menino que cresceu no jardim", feitas pelo 5ºJ na aula de Estudo Acompanhado: 1º pertence à Denise; 2º pertence ao Hernâni; 3º Pertence à Catarina.




sábado, 9 de fevereiro de 2008

Ficha de Leitura




Identificação do livro

Título: História de uma Gaivota e do Gato que a ensinou a voar
Autor: Luís Sepúlveda
Personagens principais:
Gato e Gaivota
Personagens secundárias: Barlavento, Colonello, Secretário e Sabetudo.
Tema: “Um gato de palavra”
Assunto: O Gato Zorbas cuidou da gaivotinha com a ajuda dos amigos, porque a mãe morrera.

Opinião pessoal

Resume a acção do livro que acabaste de ler:
O gato preto grande e gordo era Zorbas; a mãe dele dizia que os gatos pretos davam azar, por isso ele decidiu sair de casa.
A gaivota ia emigrar, mas foi apanhada por uma maré de petróleo quando ia pescar; como não conseguia voar pediu ao gato, ao Zorbas, que tinha acabado de conhecer, para ajudar o seu filho, que ainda estava no ovo. Ele prometeu cuidar do ovo e ensiná-lo a voar. Zorbas tentou ajudar a limpar as asas da gaivota com benzina e com a ajuda dos seus amigos: Colonello, Secretário, Sabetudo e Barlavento, mas a gaivota, logo que pôs um ovo, morreu.
Os gatos cavaram um buraco e enterraram a gaivota ao pé de um Castanheiro.
Zorbas chorava com medo de não conseguir chocar o ovo, mas 20 dias após nasceu a Ditosa que foi o nome que os gatos lhe deram.
Zorbas levou Ditosa, quando cresceu, à Torre de S. Miguel e, uma vez naquela, a gaivota começou a voar.
Zorbas chorou de emoção ao vê-la voar.

Qual foi o episódio/passagem que mais despertou o teu interesse? Porquê?
Foi quando Zorbas, com o ovo, chorou com medo de não o chocar. Ele chocou-o durante vinte dias e depois nasceu Ditosa.


Valeu a pena ler este livro porque é uma história bonita de raças diferentes; um gato bondoso que cumpriu a todo o custo as suas promessas.

O que dirias para recomendar este livro a um amigo?

Diria que é um livro interessante com personagens bondosas e amigas de ajudar outros seres, apesar de serem diferentes.

Língua Portuguesa, 6º H
Bruno Freitas, nº 6

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

CONCURSOS

1º Concurso

Concurso Nacional de Leitura 2ª fase/ fase Distrital (Março)
Língua Portuguesa - 3º ciclo

Obras de leitura obrigatória* para a prova de Língua Portuguesa a nível Distrital, que se vai realizar a 15 de Março de 2008, na Biblioteca Municipal de Barcelos:


Histórias da Terra e do Mar, de Sophia de Mello Breyner Andresen

A Andorinha Sinhá e o Gato Malhado, de Jorge Amado

A Inaudita Guerra da Avenida Gago Coutinho, de Mário de Carvalho

* As alunas seleccionadas devem ler as três obras na íntegra.

3ªfase (Maio)

2º Concurso

Divide-se em três fases:
CTT – «Onde te leva o Selo ?” (Março)
«Onde te leva a Estação de Correios?” (Abril)
«Onde te leva a leitura?” (Maio)
imaginacao@ctt.pt

3º Concurso

António Mota
A partir da leitura de uma obra do autor, escreve um texto de três páginas (segue as orientações do teu professor de Língua Portuguesa).
Deve ser enviado até ao dia 30 de Março de 2008.


4º Concurso

32ª Edição do Prémio Nacional de Literatura Juvenil Ferreira de Castro 2007/ 08

Destinada aos jovens Portugueses e Luso Descendentes, com o Alto Patrocínio de sua Excelência o senhor Presidente da República.

Escalão A – dos doze aos quinze anos inclusive;
É um concurso de tema livre, para o qual cada concorrente poderá entregar um número ilimitado de páginas e de trabalhos; contudo, as páginas deverão obedecer às seguintes regras de formatação: em página A4, tipo de letra Times New Roman e/ ou Arial com tamanho 11 (onze) e espaçamento 2 (dois); o(s) texto(s) tem de ser dactilografado ou escrito a computador, obrigatoriamente assinado(s) com um pseudónimo.
Deve ser enviado até ao dia 14 de Março de 2008.

5º Concurso

JN - debate entre jovens (texto com mais de 4500 palavras)
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