quarta-feira, 23 de abril de 2008

23 DE ABRIL, DIA MUNDIAL DO LIVRO



Partilhar livros e flores, nesta Primavera, é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão.


O "Dia Mundial do Livro e do Direito de Autor" é comemorado, desde 1996 e por decisão da UNESCO, a 23 de Abril, dia de São Jorge. Esta data foi escolhida para honrar a velha tradição catalã segundo a qual, neste dia, os cavaleiros oferecem às suas damas UMA ROSA VERMELHA DE SÃO JORGE (Saint Jordi) e recebem em troca, UM LIVRO. Em simultâneo, é prestada homenagem à obra de grandes escritores, como Shakespeare e Cervantes, falecidos em 1616, exactamente a 23 de Abril. Partilhar livros e flores, nesta Primavera, é prolongar uma longa cadeia de alegria e cultura, de saber e paixão.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

É Primavera...



"Quanto mais fecho os olhos, mais vejo...

Meu dia é noite quando estás ausente...

E à noite vejo o sol se estás presente"


William Shakespeare

quarta-feira, 16 de abril de 2008

No museu da imagem, em Braga


Num quadro
A minha avó


Era pequena, magra, com o rosto enrugado, muito engelhado pelo tempo longo que vivera. O seu rosto fino, mas com as maçãs salientes apresentava um bigode que impunha respeito. Andava rápido, mas com passos curtos e certinhos, como se fossem bem medidos.
Tivera três filhos que criara sozinha com grande tenacidade. Afastara desde jovem todos os pretendentes. Era, frequente, ouvi-la resmungar quando os homens a cumprimentavam atenciosamente. Os filhos, esses, deram-lhe alguns problemas. Os problemas próprios de rapazes criados com um pai ausente no Brasil, que nunca se interessara por eles. Trabalhava no campo, cuidava da casa, nunca parava. Comia frugalmente, mas gostava do seu copito. Quando, um dia, pela primeira vez, consultou um médico, pediu-lhe encarecidamente que não lhe tirasse o vinho, pois esse alimentava-lhe o corpo franzino e a alma enegrecida pelas desventuras da vida.
Por vezes, teve que ser dura com os filhos, principalmente com o mais velho e frequentemente se esqueceu da doçura e do olhar de mãe. Aliás, nunca soube bem o que era a felicidade, que tantos falam, de ser mãe. Para ela a maternidade consistiu em proporcionar a sobrevivência dos filhos.
Nunca se lamentava e quando com noventa e dois anos de idade, um dia, pela primeira vez na vida, disse: “sinto-me cansada”, morreu. Morreu tranquilamente, com a doçura de um passarinho ferido. Doçura essa, que contrastou com a vida que levara, dura, difícil.
O seu rosto, agreste como a vida que por ela passara, repousou, com as rugas ainda mais vincadas.
Era assim a minha avó.

Conceição Gonçalves
Museu da Imagem – “As rochas”

domingo, 13 de abril de 2008

O AMANHECER


“O selo e a rosa”


Era uma vez uma rosa que andava sempre triste, porque não tinha companhia.
Certo dia, um selo passou por lá e viu a rosa triste; por isso encostou-se para ela contar o que se passava:
- Eu estou abandonada neste jardim; todas as plantas que estão aí não falam comigo - disse a triste rosa.
- Por que é que elas não falam contigo? - perguntou o selo.
-Porque eu já estou a ficar velha! – respondeu -lhe.
-Não estás nada! – Acrescentou o selo.
- Então, o que devo fazer?
- Não sei! - Respondeu ele.
- Já sei, eu posso vir amanhã aqui e fazer-te um feitiço para ficares mais bonita e o resto é segredo – Afirmou o selo.
- Boa ideia! - Exclamou ela.
- Está a escurecer, vou-me embora.
- Adeus!
- Adeus!...
Adormeceram os dois, “o selo e a rosa”, cada um no seu canto.
A rosa sonhou que era famosa e rica.
O selo sonhou que se tornou o maior selo do mundo.
Já era de manhã; a rosa estava ansiosa que o selo chegasse, por isso parecia um pouco nervosa.
O selo chegou e disse:
- Bom dia.
- Bom dia! – disse, alegre, a rosa.
- Então o que se passa? Não começas o que me disseste? - Murmurou a rosa.
- Está bem!
- Aí vai, estás preparada? - Perguntou ele.
- Sim!

- Plim, plim,
pli, pli,
pa, pi
a rosa que seja bonita já e
um namorado terá - Dizia o selo.

O selo pegou num espelho para a rosa se ver e ela disse:
- Obrigada, estou muito feliz.
- Quem é aquele? - Perguntou a rosa.
- É o teu namorado!
- O meu namorado? - Perguntou ela.
- É.
O selo foi-se embora e a rosa e o lírio ficaram a conversar.